terça-feira, agosto 25

Nós também somos família Sr. Presidente

Lamento que, uma vez mais, tenhamos sido remetidos para segundo plano.
O Presidente da Republica vetou a nova lei das uniões de facto, considerando-a demasiado próxima juridicamente do casamento e inoportuna na actual conjuntura política (vésperas eleições), entre outras.
Ora, sabendo-se que a actual lei, nos termos em que existe, carece de reforço do seu regime jurídico, parece-me insensível esta atitude presidencial, não permitindo a correcção de injustiças.
Compreendo, que não queira equiparar em direitos e deveres a união de facto ao casamento civil entre heterossexuais, para permitir-lhes mais liberdade de opção, mas tal não tem lógica para os homossexuais.
Heterossexuais já têm o direito de escolha e Homossexuais não.
Onde está aqui a nossa escolha pessoal e opção de liberdade?
Nós também somos família Sr. Presidente, merecemos ser tratados em igualdade pela lei. Queremos, por direito, o alargamento da protecção da casa de morada da família em caso de morte do membro proprietário, a protecção social no acesso ao regime das pensões por morte e o acesso aos alimentos por parte do membro sobrevivo, entre outros.
Também somos cidadãos deste país, fazemos descontos para a segurança social e para o IRS, porque não nos protege o Estado?

Seremos “filhos da rua”?

Maria

sábado, agosto 15

Judith Teixeira - Poetisa Modernista



Judith Teixeira, nasceu em Viseu em 1980.
Perseguida e enxovalhada pela sua escrita e modo de estar na vida, falou do amor e do erotismo entre mulheres. A temática do homoerotismo ergue um ciclone de reacções na sociedade em vias de entrar em regime ditatorial. Escreveu alguns livros, como "Decadência", "Castelo de Sombras" e "Nua", tendo também publicado poemas soltos na revista Contemporânea. O livro "Decadência" saiu em Fevereiro de 1923. No mesmo ano, o Governo Civil de Lisboa apreendeu este livro, apelidado de "imoral", "literatura dissolvente" que "corroía a moral e os costumes". O seu livro foi queimado e a nossa escritora apelidada de "desenvergonhada". Também os livros de Sodoma Divinizada de Raúl Leal e das Canções de António Botto foram queimados. Ainda no mesmo ano, publicou "Castelo de Sombras" e editou novamente "Decadência". Em 1926 publicou o livro "Nua" e editou e dirigiu a revista Europa. Em Junho, já com o livro “Nua” à venda, sairia no jornal Revolução Nacional (jornal de propaganda da ditadura), um texto onde era referido o livro "Nua" como "uma das vergonhas sexuais e literárias". Publicou ainda "Satânia", enfrentando tudo e todos. Foi ridicularizada publicamente, apelidada de lésbica e caricaturada. Num ultimo gesto, publicou o "Poemeto das Sombras" na revista Terras de Portugal, não se tendo ouvido dela mais uma palavra. Morreu em 1959.
A literatura de Botto e Leal, ainda hoje são faladas, omitindo-se aquela que também viu um livro seu em labareda. Pisada pela moral vigente, em que as mulheres tinham que enquadrar-se em determinados padrões, em que sexo ainda era coisa de homens e onde a homossexualidade ainda era crime punido com medidas de segurança (o internamento em manicómio criminal, a interdição do exercício de profissão, etc), Judith Teixeira será sempre lembrada como uma mulher corajosa, uma poetisa sáfica modernista que enfrentou a sua época.


A MINHA AMANTE

Dizem que eu tenho amores contigo!
Deixa-os dizer!…
Eles sabem lá o que há de sublime
Nos meus sonhos de prazer…
De madrugada, logo ao despertar,
Há quem me tenha ouvido gritar
Pelo teu nome…

Dizem
- e eu não protesto -
Que seja qual foro meu aspecto
tu estás
na minha fisionomia
e no meu gesto!

Dizem que eu me embriago toda em cores
Para te esquecer…
E que de noite pelos corredores
Quando vou passando para te ir buscar,
Levo risos de louca, no olhar!

Não entendem dos meus amores
contigo
-Não entendem deste luar de beijos…
- Há quem lhe chame a tara perversa,
Dum ser destrambelhado e sensual!
Chamam-te o génio do mal -
O meu castigo…
E eu em sombras alheio-me dispersa…

E ninguém sabe que é de ti que eu
vivo…
Que és tu que doiras ainda,
O meu castelo em ruína…
Que fazes da hora má, a hora linda
Dos meus sonhos voluptuosos -
Não faltes aos meus apelos dolorosos
- Adormenta esta dor que me domina!





Maria

domingo, agosto 9

XIII Viagem medieval em terra de Santa Maria


Santa Maria da Feira recuou ao século XIV, deliciando-nos com a recriação de episódios que marcaram a história local e nacional da Idade Média. O tema deste ano foi o reinado de D. Afonso IV, revivendo-se os conflitos internos do reino de Portugal e os conflitos com o reino de Castela. A viagem foi certamente a maior de todas, tanto em área ocupada como em número de visitantes. Estavam milhares de pessoas quando lá estive, da qual resultaram longas filas de espera para o espeto de porco nas áreas alimentares (cerca de 1 hora para ser servida). Mas valeu a pena. É sempre gratificante ver tanta animação em redor, deixando-nos contagiadas. E contagiada fiquei com a expressão teatral de seis senhoritas, que recreando a época, deslocavam-se em pequenos pulinhos, com tanta graciosidade (ninguém conseguia ficar-lhes indiferente); com uns miudinhos que equilibrando-se sobre andas, disfarçados de cavalos e serpentes, largavam magia por onde passavam naquele passo cambaleante; por soldados vestidos a rigor, de semblante sério para o flash das nossas objectivas; com as justas e o assalto ao arraial, que são sempre momentos a não perder. Há, já me esquecia, os doces! Irresistíveis tentações, qualquer um deles, de fazer crescer água na boca. Já experimentaram as sementes de girassol torradas? Deliciosas. Se perderam, para o ano há mais.
Maria
Fotos: Cecília

Educação Sexual já a partir de Setembro


Finalmente foi publicado em Diário da Republica o diploma que estabelece a aplicação da educação sexual nos estabelecimentos de ensino básico e secundário no próximo ano lectivo. Constituem finalidades da educação sexual “a valorização da sexualidade e efectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das concepções existentes na sociedade portuguesa;
a redução de consequências negativas dos comportamentos sexuais de risco, tais como a gravidez não desejada e as infecções sexualmente transmissíveis;
o respeito pela diferença entre as pessoas e pelas diferentes orientações sexuais;
a eliminação de comportamentos baseados na discriminação
sexual ou na violência em função do sexo ou orientação sexual;
a promoção da igualdade entre os sexos
”.
Este projecto pressupõe a participação de professores, pais, alunos e técnicos de saúde, devendo o projecto de cada turma ser elaborado pelo director de turma e pelo professor responsável pela educação para a saúde e educação sexual, visando os conteúdos previstos na lei. Ao Ministério da educação caberá garantir a formação necessária dos professores na condução desta matéria, preocupando-me o modo como as temáticas homossexuais possam ser transmitidas por professores e pais homofóbicos. Á parte este pormenor, é um passo importante para formarmos uma sociedade mais responsável e informada, onde o pluralismo das concepções sexuais seja respeitado.
A ignorância combate-se através da educação, que permitirá escolhas mais informadas e seguras.
Uma sociedade informada é uma sociedade mais equilibrada.

Cecília

sábado, agosto 1

TC e Helena Paixão e Teresa Pires

Helena Paixão e Teresa Pires, continuam a saga das suas vidas. Desde 2006 que tentam legalizar a sua união, mas prevê-se que o Tribunal Constitucional irá recusar o casamento entre estas duas mulheres. Conforme explica o constitucionalista Vital Moreira “a decisão quer dizer que o Tribunal entende que a Constituição não impõe a legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo, mas não quer dizer que a Constituição o proíba". Segundo o “Diário Económico”, dos cinco conselheiros do TC, três votaram contra o casamento e dois votaram a favor. Este casal, a quem admiro a coragem e persistência, promete recorrer ao Tribunal Europeu.
Devemos juntar as nossas vozes às suas. Os partidos políticos à esquerda, BE, PS e “os verdes” manifestam vontade em nos apoiar (apesar do PS ter tido um acto de covardia em Outubro passado e agora parecer estar a usarmos para a sua campanha). Há que olhar para o futuro. Acredito num presente melhor para todos nós. Enquanto houver pessoas, como estas mulheres, a luta continua. Força, força, força.

Maria
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