quinta-feira, setembro 30

Homossexuais fora das forças Armadas

Surpreende-me, que em pleno séc. XXI, em países ditos desenvolvidos, a homofobia tenha uma força esmagadora. Porque homofobia é sinal de ignorância e analfabetismo das vivências humanas.
Digo isto porque o senado norte-americano chumbou a anulação da medida “don’t ask, don’t tell”, que permitiria o acesso de homossexuais assumidos às forças armadas. Desde 1993, que cerca de 13 mil pessoas foram dispensadas dos seus cargos, em virtude da sua orientação sexual.  A ironia da situação, é que ocultando a identidade sexual, é-se militar. Podem manter-nos calados, podem privar-nos de vida pública e afectar-nos na privada, mas não conseguem excluir-nos definitivamente do exército. A exclusão e o preconceito não são estandartes dos desenvolvidos, nem tão pouco somos o joio do trigo.
Compete a cada governo, zelar pela igualdade de direitos de todos os cidadãos, não o contrário, por um futuro mais promissor da nossa geração e das vindouras.



Maria

domingo, setembro 26

Festa do Outono em Serralves

Entramos no Outono, a estação do ano que mais gosto e em que tudo se transforma! E para o comemorar, Serralves realizou hoje uma grande festa.
De entre as várias actividades, gostei sobretudo de 2 oficinas que participei:"cores e aromas de Serralves" e "cozinha solar". Na primeira, assisti ao método de elaboração do perfume de alfazema, extremamente simples, e na segunda, construí um mini forno solar portátil, que seria extremamente interessante, não fosse o facto de demorar 2 horas a cozinhar um simples bolo. A atracção musical foram os Galandum Galundaina, um grupo das terras de Miranda e Nordeste Transmontano, que nos vieram animar com a música tradicional da região. Muitos dos presentes manifestaram-se com algumas danças, sobretudo as crianças, que deliraram com a música. Na ultima canção, deixei um pouquito o pudor de lado e dei uns pezinhos de dança.Quero acrescentar que a entrada era livre, o que atendendo à actual crise que o país atravessa, é de louvar, e a cultura não ocupa espaço. Gostei muito!




Maria

quarta-feira, setembro 8

O peso do silêncio


A revista Com’Out pede para escrevermos um artigo sobre “como é ser LGBT no sítio onde moramos/crescemos”. Não sei realmente o que pensam as outras pessoas como eu, mas a verdade é que sinto-me muitas vezes uma estrangeira, tanta na minha terra actual, como naquela em que cresci. Nunca se chega a estar completamente enquadrada e são pouquíssimas as pessoas que verdadeiramente nos aceitam. Conter os gestos, as palavras, os pensamentos, as vivências…porque há sempre a opressão dos Outros, o medo das suas reacções, é castrador. Colocam-nos uma nikab, que sendo invisível aos olhos, não o é “cá dentro”. Ser diferente não é fácil, é preciso grande resistência. O silêncio pesa, rói, deixa na boca um sabor amargo, um grito que ricocheteia cá dentro.  Quebrar o silêncio não é simples. O casamento civil homossexual trouxe alguma dignidade pública às nossas relações, manchadas há séculos. Mas as pessoas têm medo de falar alto e neste grupo, infelizmente, me incluo. Os famosos falam alto, mas esses são intocáveis. O medo acovarda e aprisiona. Vive-se de segredos e de pequenas mentiras, porque a verdade incomoda a muita gente. Aos poucos, vou desafiando o meu destino, as minhas limitações e desejos. Quando chegar o tempo de andar de mão dada com a minha mulher sem ninguém olhando para nós, será uma vitória, ganharemos o direito à indiferença. Quebrar o silêncio era tão bom!
Maria
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