sexta-feira, dezembro 18

Governo aprova proposta de lei sobre casamento homossexual


Conseguimos hoje vencer uma das batalhas por que lutamos há muitos anos, a aprovação da proposta de lei sobre casamentos homossexuais. Só em Janeiro é que iremos saber se a proposta foi aceite pela Assembleia da República e em que parâmetros se moldará. O PS avançou com a proposta de casamento civil, excluindo por enquanto a adopção. O PSD vai avançar com uma proposta de uma união civil registada, que salvaguarde que a possibilidade de adopção não fica abrangida neste tipo de relação. O BE não concorda que o casamento civil homossexual se faça sem a possibilidade de adopção, bem como os Verdes. Ora a verdade, é que acaba-se com uma descriminação e inicia-se outra, a da adopção. É verdade que sairemos lesados neste contrato, pois não temos menos capacidade que os hetero como nos querem fazer crer. Se formos a verificar a quantidade de crianças maltratadas pelos pais biológicos heterossexuais, a crescente perda dos seus valores familiares, tanto no casamento como na criação dos filhos, não vejo em quê são melhores que nós, nem onde vão desenterrar as suas teorias retrogradas e sem fundamentos. Não faltam por ai homossexuais com filhos, porque querendo-os ter é muito fácil de os fazer, não precisamos do consentimento heterossexual. No entanto, acho que há situações que não devemos passar para ter uma criança, e a inseminação artificial ou a adopção seriam a melhor forma de duas pessoas que se amam, também dar amor a uma criança. Mas isto são outras lutas, e neste momento só me interessa o casamento homossexual. Sou uma cidadã portuguesa, e mereço o mesmo direito que os outros e por isso quero um casamento de Primeira. O modelo heterossexual (Masculino/Feminino) e o homossexual (Feminino/Feminino e Masculino/Masculino) não são diferentes na sua base, o AMOR, pelo que o Estado deve reconhece-lo da mesma maneira. O PSD e o CDS que coloquem as suas propostas ridículas, duplamente discriminatórias, ao lixo. Há uma luz no futuro que não se apaga na proposta do PS. Espero, que desta vez, o presidente da Republica não tenha a mesma atitude que teve aquando da melhoria da lei das uniões de facto. Quero mais de quem supostamente está no cargo para olhar por mim. A minha família, eu a minha mulher, esperamos que defenda, uma vez pelo menos, os nossos direitos. Basta de viver à margem. Já agora, que não andem sempre equivocados os bispos portugueses, como D. Manuel da Rocha Felício, que refere "a família garante a estabilidade e o futuro da própria humanidade ,,,não podemos andar a agredir, de forma acintosa, como uma atitude destas parece fazer", pois os vossos problemas sociais não somos nós que os temos feito, nem que eu saiba, a nossa presença causa assim tantos danos. Usando a sua expressão sr. bispo" deixe de tapar sol com a peneira" e permita que Deus consiga entrar no coração de toda a gente. Obrigado ao governo por ter dispensado ontem algumas horinhas aos nossos direitos, sobrepondo-se ao que tanta gente vulgar e rude diz por aí. O embrulho de natal foi feito, mas só espero um conteúdo. Espero que os Reis Magos nos tragam boas oferendas.

Maria

terça-feira, dezembro 15

O despertar do amor

"Estamos na Alemanha do séc.XX, num colégio de raparigas, isolado do mundo. O amor começa a despertar subtilmente no coração de várias personagens, mas fatalmente, todos elas acabam de um modo trágico".
Comparativamente aos dias de hoje, constato que muito pouco mudou, não fossem os casos de prostituição em algumas instituições e o tráfego de mulheres para esses fins. O abuso de poder e a repressão do amor feminino infelizmente são temas muitos actuais. O amor ainda não é bem aceite e permanece escondido da sociedade. Só muito recentemente os filmes lésbicos passaram a ter finais mais felizes, talvez porque já vivamos finais mais felizes.
Mas ainda permanecemos na sombra, e a forma cinematográfica com a qual nos caracterizam (salvo algumas excepções), continua a reduzir a mulher lésbica a uma tresloucada. A mim choca-me esta imagem negativa que é perpassada ao mundo, é necessário mudar muitos alicerces.
O filme deixa-nos chocados, mas é uma boa obra.




Cecília

segunda-feira, dezembro 14

Hotel Gat Rossio tornou-se campo de batalha


O Hotel Gat Rossio, na baixa de Lisboa, tem dado que falar, pois tem gatos por todo o lado. A gata em questão, que tem causado alguma polémica, está na fachada do hotel, e é o aproveitamento do corpo da estátua de uma santa com a cara de uma gata. Ficou originalíssima.
É uma obra de arte bem enquadrada no estilo moderno do hotel e na diversidade da nossa cidade. Há quem se sinta ofendido pelo uso da estátua para outros fins que não o religioso, mas há que abrir os horizontes...e nos preocuparmos apenas com o que realmente prejudica. Só mesmo gente "mesquinha" para fazer de pormenores artísticos, campos de batalha, com tantas coisas graves por aí para se ocuparem. Além do que, a adoração de estátuas não deveria fazer parte do quotidiano católico.
Quando for à capital, não me vou esquecer de passar por aí ... e conviver com as Gatas!

Cecília

UnderSkin deseja um Feliz Natal para todos os leitores


segunda-feira, novembro 30

Pinturas de Areia



Cecília

Concerto de Rodrigo Leão no Coliseu do Porto



Assistimos ao concerto do Rodrigo Leão no Coliseu do Porto, com o novo álbum "A mãe". Trouxeram à memória a série "Equador", com as suas músicas apaixonantes. E foi assim, com as emoções ao rubro, que nos deliciamos com a voz de Ana Vieira em "Vida tão estranha" e Celina da Piedade em "Pasión" e com o talento ao piano de Rodrigo Leão. O compositor, emocionado, comentou que foi a primeira vez que viu o coliseu cheio, tendo vindo 3 vezes ao palco cantar mais temas.

Cecília

terça-feira, novembro 10

SARAMAGO


Saramago é, além de um brilhante escritor, um homem que vê o mundo de forma muito peculiar. Ele escava assuntos que receamos analisar, explora as qualidades e defeitos do ser humano, inclusive de Deus, e expõe-nas de forma nua e crua. É isto que me fascina na sua escrita, a visualização do que estará para além das coisas, o sentido, o conceito. “As Intermitências da Morte”, “Todos os Nomes” e “Caim”, são para mim os seus melhores livros. Em “As Intermitências da Morte”, Saramago explora os comportamentos humanos no caos da ausência da morte; em “Todos os Nomes”, tece uma teia humana, mostrando-nos o quanto nós e as nossas acções nos interligam uns aos outros; e em “Caim”, Saramago questiona a justiça e a bondade de Deus, mostrando-nos a sua crueldade, as suas vinganças e invejas para com os seres humanos. Caim vinga-se de Deus matando os descendentes de Noé e incitando também este a suicidar-se. E com isto, não haverá recomeço de um novo mundo.

E em todos eles, há uma ironia latente, que se acentua em “Caim”e que proporciona uma boa dose de humor aos seus escritos.

Parabéns ao nosso Nobel da Literatura.

Maria

quinta-feira, novembro 5

As más línguas...

Recomeçaram as tentativas de limitação das acções das pessoas, dos seus estilos de vida e da liberdade de a poderem viver mais dignamente. Quando se tem medo, resiste-se. Certas pessoas, como o bispo do Porto, acham que deve referendar-se o casamento homossexual "para que a sociedade diga se quer ou não quer secundarizar uma instituição...".
Em primeiro lugar, deixe lembrar-lhe que a sociedade a que se refere é aquela em que eu própria estou incluída. Ninguém quer secundarizar a instituição do casamento, mas simplesmente corrigir a falha nela existente relativamente a casamentos homossexuais. Aí sim, estará correcto falar-se em enformar devidamente a sociedade, com casais heterossexuais e homossexuais.
Em segundo lugar, a complementaridade numa relação de duas pessoas não se rege somente em masculino/feminino, existe também no feminino/feminino e masculino/masculino, não fossem caso disso os milhões de homossexuais que vivem relações felizes, não só de coabitação mas inclusive com filhos. No entanto, pergunto-me que percebe D. Manuel Clemente de relações, quando não sabe o que é viver uma relação amorosa. Que direito julga ter para querer referendar aquilo que Deus uniu?
Em terceiro lugar, direitos das pessoas não se referendam, já devia saber disso. Se olhasse em redor, talvez pudesse aprender com o exemplo da Igreja da Suécia, que já aprovou o casamento religioso dos homossexuais, sem diferenciar as pessoas.
Será assim Deus tão diferente de uns países para os outros?

Cecília

segunda-feira, novembro 2

O que separa as igrejas cristãs?


Não posso deixar de sentir-me chocada e confusa com os acontecimentos dos últimos dias. Alguns grupos de anglicanos pediram para serem integrados na Igreja Católica. A reunificação das duas igrejas até seria um bom projecto, se os motivos de fundo não fossem os que se apresentam: a ordenação de mulheres a

Bispo e a orientação homossexual. Em pleno século XXI, choca-me que factores de género e de orientação sexual ainda sejam motivo de segregação e discriminação. Para os cristãos anglicanos, os tabus sexuais ou de género já são considerados supérfluos e divisionistas, zelando-se mais pelos Direitos Humanos. A Igreja Anglicana ganhará com a saída destes clérigos presos à Tradição, castradores e conservadores, permitindo-lhe assim uma nova reestruturação. Ora, a igreja Católica, carente de padres, está a criar uma estrutura especial para acolher os anglicanos descontentes. Especial porque muitos padres anglicanos são casados, e como é sabido, a igreja católica não aceita que padres se possam casar. Excepção para uns? E os outros? E como saberão se são homossexuais ou não? Lamento é que neste tempo em que se luta por Direitos Humanos, se vejam ainda pretensos religiosos a incentivar divisões e diferenças. Que pode oferecer uma Igreja que nem reconhece a igualdade das mulheres ou a diversidade da orientação sexual dos seres humanos?

Maria

terça-feira, outubro 27

Direitos das pessoas não são referendáveis

Agora querem referendar o casamento homossexual?
Querem referendar direitos das pessoas?
Direitos das pessoas não são referendáveis.
Não sei o que os movimentos pró vida têm contra o casamento homossexual, pois ainda não percebi de que forma é que as uniões homossexuais têm alterado o ciclo de vida, para terem assim tanto medo de nós. Muitos homossexuais também concebem vidas, não é propriedade exclusiva de heterossexuais. O amor é sinónimo de vida e também esta exclusividade não é dos hetero, homossexuais também se amam muito. Se assim é, também o casamento civil deve ser para todos, pois todos deveremos ser iguais perante a Lei.
Isilda Pegado, presidente da federação Portuguesa pela Vida, afirmou "Essa minoria já tem o direito que reclama. O direito de viver como outras pessoas, nas suas circunstâncias física e psíquica próprias do homossexual. E os seus afectos não são sindicáveis pela lei". Esta senhora claramente não sabe do que fala. Em primeiro lugar, não temos ainda o direito que reclamamos de casar (diga-se com o mesmo sexo, salvaguardando-nos desde já da sua mente imaginativa); em segundo lugar, tem certamente poucos ou nenhuns conhecimentos sobre casais homossexuais, pois não sabe em que circunstâncias física e psíquica muitos homossexuais são obrigados a viver. E a lei tem SIM que alterar esta situação discriminatória.
Olhando também para um grupinho de militantes socialistas católicos, que se sentem incomodados, só peço que Deus lhes transforme o pensamento turvo, pois perderam-se certamente da luz. “Ignorância é dose”.


Maria

sexta-feira, outubro 23

MUDANÇA


Chegam-me de longe murmúrios de mudança, visualizo alguma esperança nas entrelinhas dos jornais. Pelo mundo, erguem-se vozes por uma sociedade mais justa, equilibrada e realista. Nos EUA, Obama luta pela igualdade entre as pessoas, defendendo a equiparação dos direitos homossexuais ao resto da sociedade. Os americanos homossexuais ganharam mais direitos na saúde, passando a dispor de tempo livre para dar assistência em caso de doença ao companheiro. Na doença queremos cuidar das pessoas que amamos, sem que com isso percamos o nosso emprego ou tenhamos que pensar em mil e uma formas de conseguir esse tempo (já disponível na lei aos hetero). Por isso, foi uma grande vitória a conquista deste direito fundamental. Outra temática em que Obama quer mexer, prende-se com as forças armadas. Os homossexuais fazem parte das forças armadas, desde que silenciem a sua orientação sexual. Esta política do “Não perguntes, não o digas”, aplicada nos últimos 16 anos, é discriminatória e não pode continuar. E é nesse sentido que este Presidente tem feito grande diferença. Considero irrisório este receio aos homossexuais, sabido que a homossexualidade sempre existiu no seio dos militares. Naturalmente, não é de estranhar, faz parte da natureza humana. Por cá, Sócrates garante que vai levar à Assembleia o casamento homo. É o que espero dele, mesmo que não seja aprovado. As pessoas não podem continuar simplesmente a fingir que não existimos. À medida que a idade vai avançando, sinto cada vez mais as injustiças e não consigo conformar-me com elas, nem tão pouco esquece-las. Mais que o direito à diferença, quero ter direito à indiferença. Não ser apontada pela minha orientação, apenas ser mais uma na “multiplicidade humana”. A minha mãe ainda não diz às amigas que a filha é homossexual (até da palavra tem medo), receia a reacção dos outros (também tenho às vezes). Este comportamento entristece-me e por isso peço mudança, para que todos possamos “sair do armário”. A liberdade de sermos quem somos, não interfere com a liberdade dos outros serem quem são. Há que sair do casulo, aproveitar as vozes que se ouvem cá dentro e exigir MUDANÇA.

Maria

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