segunda-feira, novembro 30
Concerto de Rodrigo Leão no Coliseu do Porto
Cecília
terça-feira, novembro 10
SARAMAGO
Saramago é, além de um brilhante escritor, um homem que vê o mundo de forma muito peculiar. Ele escava assuntos que receamos analisar, explora as qualidades e defeitos do ser humano, inclusive de Deus, e expõe-nas de forma nua e crua. É isto que me fascina na sua escrita, a visualização do que estará para além das coisas, o sentido, o conceito. “As Intermitências da Morte”, “Todos os Nomes” e “Caim”, são para mim os seus melhores livros. Em “As Intermitências da Morte”, Saramago explora os comportamentos humanos no caos da ausência da morte; em “Todos os Nomes”, tece uma teia humana, mostrando-nos o quanto nós e as nossas acções nos interligam uns aos outros; e em “Caim”, Saramago questiona a justiça e a bondade de Deus, mostrando-nos a sua crueldade, as suas vinganças e invejas para com os seres humanos. Caim vinga-se de Deus matando os descendentes de Noé e incitando também este a suicidar-se. E com isto, não haverá recomeço de um novo mundo.
E em todos eles, há uma ironia latente, que se acentua em “Caim”e que proporciona uma boa dose de humor aos seus escritos.
Parabéns ao nosso Nobel da Literatura.
Maria
quinta-feira, novembro 5
As más línguas...
Em primeiro lugar, deixe lembrar-lhe que a sociedade a que se refere é aquela em que eu própria estou incluída. Ninguém quer secundarizar a instituição do casamento, mas simplesmente corrigir a falha nela existente relativamente a casamentos homossexuais. Aí sim, estará correcto falar-se em enformar devidamente a sociedade, com casais heterossexuais e homossexuais.
Em segundo lugar, a complementaridade numa relação de duas pessoas não se rege somente em masculino/feminino, existe também no feminino/feminino e masculino/masculino, não fossem caso disso os milhões de homossexuais que vivem relações felizes, não só de coabitação mas inclusive com filhos. No entanto, pergunto-me que percebe D. Manuel Clemente de relações, quando não sabe o que é viver uma relação amorosa. Que direito julga ter para querer referendar aquilo que Deus uniu?
Em terceiro lugar, direitos das pessoas não se referendam, já devia saber disso. Se olhasse em redor, talvez pudesse aprender com o exemplo da Igreja da Suécia, que já aprovou o casamento religioso dos homossexuais, sem diferenciar as pessoas.
Será assim Deus tão diferente de uns países para os outros?
Cecília
segunda-feira, novembro 2
O que separa as igrejas cristãs?
Não posso deixar de sentir-me chocada e confusa com os acontecimentos dos últimos dias. Alguns grupos de anglicanos pediram para serem integrados na Igreja Católica. A reunificação das duas igrejas até seria um bom projecto, se os motivos de fundo não fossem os que se apresentam: a ordenação de mulheres a
Bispo e a orientação homossexual. Em pleno século XXI, choca-me que factores de género e de orientação sexual ainda sejam motivo de segregação e discriminação. Para os cristãos anglicanos, os tabus sexuais ou de género já são considerados supérfluos e divisionistas, zelando-se mais pelos Direitos Humanos. A Igreja Anglicana ganhará com a saída destes clérigos presos à Tradição, castradores e conservadores, permitindo-lhe assim uma nova reestruturação. Ora, a igreja Católica, carente de padres, está a criar uma estrutura especial para acolher os anglicanos descontentes. Especial porque muitos padres anglicanos são casados, e como é sabido, a igreja católica não aceita que padres se possam casar. Excepção para uns? E os outros? E como saberão se são homossexuais ou não? Lamento é que neste tempo em que se luta por Direitos Humanos, se vejam ainda pretensos religiosos a incentivar divisões e diferenças. Que pode oferecer uma Igreja que nem reconhece a igualdade das mulheres ou a diversidade da orientação sexual dos seres humanos?
Maria