domingo, julho 10

"Amar sem olhar a quem, nem ao sexo nem à cor"




há meninas em rebanho
e há bandos de rapazes
elas são sossegadinhas
eles devem ser audazes

dizes tu que não condizem
cor de rosa e azul celeste
cada sexo em seu lugar
foi assim que me fizeste

mas então por que razão
ainda vês com maus olhos
o homem que ama outro homem
a mulher que ama a mulher
se os separas à nascença
e fazes tanta questão
de manter a diferença
entre a irmã e o irmão

viva a maria rapaz
e o rapaz que não é peste
viva a roupa que baralha
o sexo de quem a veste

viva todo o arco-íris
e a cor que se mistura
sete quintas, meias tintas,
viva a fúria e a doçura

não me voltes a dizer
que as crianças a crescer
precisam de copiar
o papá e a mamã
deixa ser eu a escolher
por quem me perco e me dano
porque eu amo a minha irmã
e amo também o meu mano…

será que nunca sentiste
que somos pó de universo
sujeitos à atracção
do que é igual e diverso

e será que não gravitas
à volta de quem te ama?
use vestido ou gravata
borboleta busca chama…

amar sem olhar a quem
nem ao sexo nem à cor
não é vício nem pecado
não é mal nem mau olhado
amar sem medo ou vergonha
amar a torto e a direito
amar sem manha nem ronha
não é tara nem defeito

amar sem olhar a quem
não é tara nem defeito
amar sem olhar a quem
amar a torto e a direito


ARCO – ÍRIS
(Letra: Regina Guimarães/
Música: Hélder Gonçalves)


6ª Marcha Orgulho LGBT Porto

Decorreu este Sábado a 6ª Marcha do Orgulho LGBT no Porto. Este ano reuniu menos pessoas e menos recursos, mas avançamos com a mesma determinação pelas ruas.
Recordei-me que ainda há uns anos atrás muitos homossexuais falavam na Tv com o rosto tapado por uma máscara branca ou na sombra. A continua visibilidade de figuras públicas a assumirem-se homossexuais e a comunidade em que nos vamos inserindo foi-nos dando força para ousarmos ser quem somos.
Quando me questionei acerca da necessidade de ir este ano à marcha uma vez que já havíamos conseguido o direito ao casamento, concluí que a marcha é um meio de os Outros verem quem somos e como somos e como tal não deveria faltar.
Estive praticamente mais de metade do percurso sozinha, exposta a alguns olhares mais austeros. Assisti a muitas situações bonitas de carícias, cumplicidade, amizade, diversão e a outras menos agradáveis, como alguns slogans da parte de alguns adolescentes. Por experiência, sei que as pessoas retêm mais facilmente as coisas más do que as boas. Mas apesar da criancice de alguns, o importante é a mensagem global que passamos e a mensagem pessoal que cada um de nós transporta: eu existo, sou assim, igual a ti numas coisas diferente noutras, sou tua vizinha, tua amiga, tua colega de trabalho, sou mãe, sou filha, sou católica, sou protestante, sou cidadã, sou mulher, sou formada, sou trabalhadora e sonhadora como tu. A aceitação homossexual ainda não existe verdadeiramente, a palavra ainda traz muitas teias de aranha. Fala-se no bullying nas escolas, mas também há bullying no trabalho.
O caminhar para uma sociedade plural, que saiba viver a diversidade, que enterre de vez as origens das descriminações, sem falsos moralismos, que reconheça a diversidade dos modelos familiares e que os proteja perante a lei é uma batalha. Nós somos Família, temos o direito de adotar nas mesmas condições de igualdade e protegê-la da mesma maneira. Por estas e outras razões vou à marcha, para que todos os que têm medo de sentirem e dizerem o sentem vejam em nós uma força de luta contra a opressão, contra a homofofia e vivam.  Porque também temos direito à FELICIDADE e a um mundo mais justo!





Até para o ano!

Maria
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