Diariamente, sem que muitas vezes nos apercebamos, somos invadidos pelo conceito da sociedade heterossexista. Por ser maioritária (supõe-se, mas não se confirma), o mercado cresce em seu redor, desprezando outras minorias, isto é, outras famílias, outras formas de estar na vida. É gritante esta discrepância, sobretudo neste nosso país pequenino. Pequenino em tudo, só grande no défice. Eu pago na conta de electricidade uma contribuição para a TV, cujos anúncios publicitários focam sucessivamente um público-alvo heterossexual, como se famílias homossexuais não comprassem também os mesmos produtos e serviços.
Diversificarem os estilos familiares era sinal de maturidade
de mercado, porque se pago um serviço televisivo ele tem de servir-me também.
Educar para uma sociedade plural e igualitária não pressupõe uma base quadrada,
mas um enquadramento. Ao menos, as novelas brasileiras focam a diversidade
humana, patamar que em Portugal, no geral, ainda estamos a anos luz.
Também o sistema bancário permanece desactualizado. Com um
simples olhar, apercebemo-nos que muitos dos panfletos e cartazes têm na capa
apenas famílias heterossexuais, um universo de soluções para os seus dias, mas
não para os meus, que também lá tenho conta, sou associada e pago as minhas
quotas. É com o meu dinheiro que me servem mal.
As mudanças fazem-se muito lentamente neste pequenino país,
e se continuarmos sem dizer nada, nada mudará. Porque, no fundo, a sociedade
tem medo e dificuldade em aceitar as diferenças! As pessoas têm medo de ser
rejeitadas pelas outras e têm medo de referir a homossexualidade, como se o
fazendo esta orientação pudesse crescer. Receiam educar na diversidade, e com
isso saímos todos penalizados!
Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário