domingo, junho 14

Visibilidade Homossexual

Ana Zanatti, que dispensa apresentações, assumiu publicamente que era homossexual. Questiono-me do porquê de apenas agora, pelos seus 60 anos, o fazer (quando já todos o sabiam). É certo que poderia não o ter feito, pois todos temos o direito à salvaguarda da nossa intimidade e alguns de nós sabemos o quão difícil é ter de viver com a pressão da sociedade. Suponho que quando se chega a uma altura da vida em que as pessoas não possam nos “atingir”, por termos uma boa base económica e social, seja mais fácil expormo-nos. O medo da censura, da descriminação, do desemprego, da solidão, faz que passemos grande parte da nossas vidas receosos e cautelosos. Sinto-me, muitas vezes, por força das circunstâncias, uma cidadã de segunda, como se estivesse escrito nas entrelinhas das coisas que a homossexualidade nos diminui. Luto diariamente contra esse estigma, reconhecendo que a nível profissional é muito complicado. A mim, que tenho metade da idade, não me fez diferença saber que Ana Zanatti era homossexual, pois não constato aqui nenhum acto de coragem. Talvez aos mais novos ou aos que ainda permanecem dentro do armário, lhes possa servir de algum amparo, pois figuras públicas são importantes para “alimentarmos forças”.

O meu apreço vai para pessoas como a apresentadora Solange, que independentemente da profissão, teve a coragem de divulgar a sua homossexualidade, como mais uma característica dela, sem que se lhe fosse retirada privacidade ou respeito; vai para as duas mulheres, Helena Paixão e Teresa Pires, que ousaram casar-se no registo civil, assumindo-se publicamente e sem grandes apoios, pelo seu amor. É certo que devem ter tido receios (talvez ainda os tenham) e represálias, mas ousaram.

É importante a visibilidade homossexual, seja de figuras públicas ou não. De preferência, POSITIVA.

Maria

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